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Foto do escritorGabriella Carvalho

Depressão pós-parto “O que eu mais lembro era vontade de jogar ela pela janela.”


Era horrível ter que admitir toda essa monstruosidade que existia dentro de mim, não conseguia falar em voz alta, preferia ficar me corroendo por dentro, confirmando nos meus diálogos internos o quanto eu era cruel.

Orjana Oliveira - Mentora de Mães

Ser mãe durante a depressão pós-parto


Essa foi a minha fala relatada no documentário O Começo da Vida quando falo da Depressão Pós-Parto que tive quando Alice, minha filha mais velha nasceu. Quando resolvi falar desse sentimento de solidão experienciado em silêncio, senti um grande alivio e é sobre essa autorização de poder falar, aceitar internamente o que sentimos que é ser mãe também.


A maternidade pode ser muito significativa para as mulheres, trazendo à tona sentimentos como plenitude, alegria, amor, conforto, mas ela também pode ser marcada por tensões e ambivalências, trazendo à tona sentimento de frustração, vergonha, culpa.



Orjana Oliveira - Mentora de mães

Acolhimento


Quando saí da maternidade, lembro que a pediatra me disse:


Ela nasceu para viver Orjana. Fique tranquila!

A responsabilidade pela vida ou pela morte dos nossos filhos quando eles veem ao mundo nos acomete e isso não é algo mensurável, é sentido e com isso muitas sensações novas, muitas vezes assustadoras veem junto.


Só que a humanidade da mãe não é considerada, não só a humanidade relacionada a um ser humano imperfeito, mas a humanidade do nosso inconsciente e sua manifestação que se revela a partir dos nossos próprios enlaces, com as nossas dores pessoais.


Não há espaço social para que a experiência da maternidade possa ser simplesmente acolhida, para que possamos a partir daí, desmistificar toda essa cobrança que recai sobre nós mães, que nos faz colocar uma força descomunal para exercer uma maternidade dentro dos padrões, trazendo uma sensação terrível de solidão.



Solidão


A solidão mora nos pensamentos mais sorrateiros, desde os medos mais assustadores, a morte dos nossos filhos diante da nossa ausência mesmo que temporária, ao desejo de desaparecer, de existir sem ter que existir, de poder sumir sem medo das consequências...


A fala, tão defendida pela psicanalise é uma ferramenta importante, de fato, nessa caminhada. Nesse documentário falo que a saída que eu encontrei era falar. Precisamos reconhecer os nossos pensamentos, nossos corpos, nossa imaginação, nossas memórias. Dar voz a eles!


Importante dentro da nossa micro política, desnaturalizarmos a maternidade, tratando-a como um acontecimento humano, complexo, confuso, por vezes cruel e excessivo.



Orjana Oliveita e a filha, Alice

Documentário


Na época do documentário, depois da gravação, liguei chorando para produtora pedindo, por favor, que ela tirasse essa minha fala, tinha medo que um dia Alice visse, e isso revela toda essa desumanização que abraçamos como realidade.


Essas fotos que compartilho aqui, foram tiradas por Alice, um dia desses. Ela cresceu! Ama tiras fotos minhas. Nesse dia conversávamos sobre essa minha fala nesse documentário e ela me deu um sorriso tão genuíno, colocando por terra toda essa desumanização que nos é imposta e me abraçou dizendo:


Espero que todas as mães do mundo tenham acesso ao seu trabalho, mãe.

Sigo trazendo todas essas discussões à tona, trazendo um espaço onde possamos educar nossas crianças com respeito, sem esquecer de nós mesmas.


“Precisamos dar VOZ à crise que o processo de se tornar MÃE produz.” - Komniski



Você encontra o documentário completo AQUI

Conheça um pouco mais sobre o trabalho de Orjana Oliveira, clique nesse link

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